28 de janeiro de 2018

Lobisomem de Sucatinga (Relatos)

OBS: Este post tem como objetivo retratar e resgatar histórias perdidas com o tempo.


Essa é uma história real, retratada por um morador antigo do distrito de Sucatinga – Ceará. Antes de falecer, o retratado nunca parou de falar nesse relato. Essa foi uma época de tremendo terror entre os moradores, pois todos falavam de um lobisomem que rodava a cidadela, e muitos dos que contavam as histórias, tinham marcas que podiam provar a veracidade delas.


Minha casa sempre ficou um pouco afastada do centro de nossa "vila", onde na verdade não tinha muita coisa naquele tempo. Certa noite, eu me arrumei e saí de casa rumo ao centro local, onde existia o maior número de pessoas. Como naquele tempo não existia a internet e o telefone era mais difícil de ter, conversar na praça era o que mais estava em alta. O caminho até a praça era muito escuro e cercado de árvores e um imenso matagal. Poucas casas estavam construídas ao redor da travessia.

Notei movimento atrás de mim. Mas continuei, normalmente. Nada poderia se passar pela minha cabeça, pois sempre havia feito esse trajeto. Levemente resolvi olhar para trás. Não conseguia ver muito bem, mas perto de uma árvore enorme estava um animal muito grande. De início, achei certo não ligar, já que o animal não me causava mal algum. De repente, a coisa ficou muito mais estranha do que parecia. A criatura começou a caminhar em minha direção, quando olhei mudei levemente minha impressão sobre o que poderia ser. Parecia uma espécie de lobo.

Continuei caminhando, ele apenas me seguia, sem parar. Meu espinhaço congelou de imediato, relembrei as histórias e relatos dos moradores de minha cidadezinha, eles assustavam a cidade inteira falando sobre encontro com lobisomens. Eu não sabia o que fazer, por isso tentei ignorar tudo o que estava acontecendo e tudo o que eu estava pensando.

O bicho começou a apressar o passo e eu também. Meu desespero foi grande nesse momento. Quando olhei mais adiante, avistei uma árvore conhecida em nossa cidadela, como “Pé de Benjamim”. Subi rapidamente naquela planta, pois foi a reação de medo mais rápida que tive nos longos cinquenta segundos de perseguição. Gelei mais ainda quando, olhando para baixo, vi o bicho parando perto do pé de benjamim.

A criatura ficou olhando com seus olhos brilhantes para mim sem parar, parado embaixo da árvore. Ele parecia ter presas e era muito grande e realmente aparentava ser preto. Ele passou um bom tempo parado me olhando, enquanto eu me tremia de medo e procurava não encará-lo. Algo o distraiu em um instante, e ele se posicionou e saiu correndo em uma velocidade incrível, onde eu só pude ver o vulto preto se afastando.

Ele foi em direção ao "centro". Quando não o avistei mais, corri rapidamente na mesma direção, mas ninguém tinha visto passar nenhuma criatura. Meu pensamento ficou aflito por meses, eu conclui que, pela velocidade demonstrada pelo lobo, ele poderia ter me pegado quando quisesse. Mas porque não tinha me pegado? Eu matuto isso até hoje.



Um comentário: