6 de outubro de 2016

Creepypasta: Déjà vu

Eu sofro de amnesia. Só sei disso por que olhei profundamente naquele momento para uma pulseira que se encontrava no meu braço. Muito provavelmente estava dentro de uma de minhas crises. É meio complicado não saber absolutamente nada sobre quem ou o que você é. Percebi que estava trancado dentro de um armário muito espaçoso. Aquelas roupas estavam atrapalhando minha movimentação, mas acho que ainda sim ali estava aconchegante. Ouvi passos distantes, acho que estava com medo. Aproximei meus olhos das pequenas aberturas estranhas da porta do armário.

Não pude visualizar muito bem o cenário, pois meus olhos pareciam desfocados. Logo as cores foram se destacando e mostrando-me os contornos de dois corpos esfaqueados dentro de um quarto escuro. Meus olhos encheram-se de lágrimas. Aquelas pessoas poderiam ser meus amigos, conhecidos ou até mesmo meus pais. Essa é a pior parte de não ter ideia de quem você é.

Eu sai imediatamente para fora do closet e observei toda a cena feita por um assassino cruel e frio. As lágrimas não paravam de circular e de escorrer de meus olhos cansados. Ao olhar profundamente para o rosto das vítimas um Déjà vu tomou conta de todo o meu ser. Minha vida baseada em "não sei de nada" também parecia ser composta dessa maldita sensação de "Já vi isto". Ouvi passos. Vozes penetravam toda minha psique. As sombras e vultos nas janelas deixavam-me perplexo e tonto.

Sai pelo corredor da casa e pude observar um desenho pintado com sangue na parede frágil de madeira do cômodo. Outro Déjà vu percorreu as minhas entranhas psicológicas, eu sabia que já tinha visto aquilo. As sombras que me perseguiam nas janelas estavam cada vez maiores e mais terríveis. Muito provavelmente aquele assassino também queria me matar, eu não tinha ideia do que fazer.

A cozinha era o próximo cômodo e foi naquele local que as vozes ficaram mais fortes e intensas. Minha memória fragmentada não me permitia agir de forma brusca ou pelo menos tentar criar uma teoria sobre o que estava acontecendo. Essa também é uma das piores partes de não saber quem você é. Cheguei até a porta da frente. Eu realmente queria abrir. Mas alguém foi mais rápido.

Um policial abriu a porta carinhosamente. Felizmente ninguém estava me perseguindo, era apenas o policial que deveria estar em busca deste assassino brutal. Ele olhou fixamente para os meus olhos. Sua feição começou a mudar quando seu olhar encontrou minhas mãos. Curiosamente eu também olhei rapidamente para o que eu estava segurando.

Eu segurava uma faca suja de sangue. Minha psique penetrou profundamente no brilho daquele sangue e naquele momento eu lembrei de tudo. Meus Déjà vus transformaram-se na minha realidade. Eu tinha matado aquelas pessoas. Eu tinha pintado a parede com sangue. Eu era o assassino em série mais procurado do país. Eu era quem aquele homem estava procurando. Eu lembrei de tudo.

Minha faca deslizou rapidamente sobre o pescoço do policial que caiu no chão de imediato. Meu sorriso desabrochou. Tinha descoberto quem eu era realmente. Lembrei que um Déjà vu não é uma simples sensação, é a realidade escondida dentro da cabeça confusa de quem "já viu essa cena", onde na maior parte das vezes você mesmo foi o responsável por ela.



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