12 de setembro de 2016

Martin: Caso 'Chicolobo' - Capítulo 01

A sala da secretaria estava silenciosa. Martin acabara com o caso de canibalismo na 'Colina de Dunas'. Agora seu chefe preparava outro caso para ser investigado. As mãos trêmulas e inseguras do policial seguravam uma folha impressa recentemente, que provavelmente continha algo novo. Martin olhava diretamente nos olhos de seu superior esperando uma ordem ou algum caso secreto. Um diálogo foi desencadeado depois de seis longos minutos:

Policial Chefe: Tenho um caso para você...
Martin: Pode falar, senhor.
Policial Chefe: Antes tenho que avisa-lo sobre algo...
Martin: Essas observações estão impressas nesta folha?
Policial Chefe: Não Martin, essas observações são pessoais e instrutivas. Esse caso era algo que eu estava encarregado. Eu desisti. Não consegui solucioná-lo.
Martin: Nossa! Deve ser algo bastante complicado... Tem certeza de que quer confia-lo a mim Senhor?
Policial Chefe: Com toda certeza. Lembre-se que minhas escolhas são sempre certas. Mas tenho que perguntar se você aceita... Antes de responder tenho que contar-lhe do que se trata.
Martin: Estou a ouvir...
Policial Chefe: Então deixe-me falar a descrição do caso: Assassinatos misteriosos causados por um animal grande estão assombrando uma cidade interiorana. Pessoas afirmam que este animal ou criatura negra e estranha assemelha-se com um humano. Outras têm a convicção de que é uma criatura mitológica chamada Lobisomem.

Martin sorriu. Acreditar naquilo era uma opção que ele seguia. Ele estava esperando por algo mais desafiador. Os muitos casos de assassinatos separados e canibalismo em lugares macabros não o assustavam tanto assim, mas aquilo parecia ser uma proposta diferente. Aquilo parecia retomar seu corpo e sua mente para anos atrás quando sua avó lhe contava lendas e crenças fortes que penetravam as raízes de seu coração. Para aqueles antigos, crer não era uma opção, pois as lendas naquele lugar não eram "lendas", mas sim a realidade. Martin não hesitou.

Martin: Eu aceito o caso sim.
Policial Chefe: Martin, tome bastante cuidado... As coisas naquele finzinho de mundo são bem estranhas. Investigando com precisão descobri algumas possíveis testemunhas e vítimas que podem lhe ajudar. Não tenho crença nessas coisas, por isso meu trabalho não seria nada útil ali. Cuidado para não ficar louco com as coisas que lhe contarem, pois o pouco que fiquei sabendo foi o necessário para que meu psicológico fosse abalado.
Martin: Não se preocupe senhor, já estou um pouco acostumado com tudo isso...
Policial Chefe: Não temos um suspeito, mas os próprios moradores batizaram o caso de 'Chicolobo'... A passagem já está na sua mesa, bem como o relatório completo. Pegue esta folha, ela contém o nome e o endereço das pessoas citadas como testemunhas. É tudo, pode ir.
Martin: Sim senhor.

Martin guardou tudo em sua mala. Câmeras, documentos e alguns utensílios preencheram sua mala de viagem. Algo no fundo da gaveta de seu quarto perturbava o ambiente. Era um livro escrito por sua avó. Embora tendo certeza de que as superstições de sua avó seriam úteis naquele caso, um medo intrínseco cercava seu intelecto e sua psique. Algo dentro do melhor detetive do país assombrava-se quando seu olhar encontrava o livro manual, rabiscado e velho de sua avó. Sem olhar muito para a capa do caderno, Martin pôs o objeto dentro de um dos bolsos de sua mala.

A viagem não durou muito, o trem era incrivelmente rápido. Aproximando-se da estação do interior da cidade macabra de 'Los Cristales', Martin avistava a estrutura receptiva mal cuidada e cercada por plantas secas. A estação estava vazia (assim como o trem) exceto por uma família composta de uma mulher, um homem e dois filhos. Desembarcando rapidamente, Martin perguntou assim que desceu:

Martin: Olá, eu sou o detetive Martin Luter. Estou aqui para investigar assassinatos causados por um animal...
Mulher: Se quiser fazer alguma pergunta fale logo, só temos trinta segundos antes do trem partir...
Martin: Para onde estão indo?
Homem: Estamos saindo dessa cidade, não queremos ser os próximos a... Você sabe.
Mulher: Já estamos indo senhor detetive, boa sorte em sua investigação.
Martin: Obrigado, boa viagem.

O trem saiu com a família dentro. Martin não estava perturbado com a situação. Alguns momentos de sua infância no interior foram daquela forma. Seu trabalho agora era encontrar um lugar para passar a noite e mais tarde encontrar as testemunhas descritas e apontadas no papel entregue por seu chefe, o senhor Ground.

De longe, a 'Pensão da Dona Flora' acendia e chamava bastante atenção. Martin fez seu cadastro curto na recepção simples da pensão. Ele subiu as escadas em direção ao seu quarto indicado na chave com o número 14. A cama era grande e apresentava dois cobertores brancos e limpos. Da janela de seu quarto, Martin conseguia ver algumas casas, muitas árvores e camponeses trabalhando e cuidando de seus animais.

Sentado em sua cama temporária, Martin puxou de sua maleta a folha que continha o nome de três testemunhas importantes para a investigação. O primeiro nome era: "José Lucas Silva", descrito como um fazendeiro humilde dos arredores da mata, o homem havia sofrido um ataque da fera. Percebendo que a noite estava longe de chegar, o detetive levantou-se da cama, arrumou algumas coisas necessárias, vestiu-se e desceu as escadarias rumo a casa da primeira testemunha.



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